Sobre: Essa foi a outra fanfic que saiu do mesmo desafio do Paperback Writers, dessa vez com o tema dança com Lestat e Louis.
<3
Blood on the Dance Floor
“Susie got your number
And Susie ain't your friend
Look who took you under
With seven inches in
Blood is on the dance floor
Blood is on the knife
Susie got your number
And Susie says it's right”
(Blood on the Dance Floor - Michael Jackson)
Aquela música estava na minha mente há dias. Era quase como uma trilha sonora para minhas noites, ela estava lá, eu ouvia, mas não ia procurar saber de onde vinha. Aquele ritmo fluido, que me fazia pensar em dezenas de corpos, jovens, fortes e cheios de vida entregues ao movimento, à dança, aos prazeres.
Mas naquele dia a música parecia estar mais forte. Não sei se era realmente a música que tocava mais alto ou se era a minha vontade de estar entre todos aqueles corpos pulsantes de vida e de calor.
Segui o som. Ele me levou até uma danceteria nos limites da cidade. O local parecia esquecido pelo resto do mundo, malcuidado e frio, mas quando entrei no estabelecimento vi que ele transbordava calor, vida e movimento. Era uma danceteria à moda antiga, aonde as pessoas iam para realmente dançar e não se perder no torpor de outras substâncias que roubavam toda a magia do momento. O local era todo decorado com cortinas e transparências, que aliadas à meia luz davam um ar extra de mistério para cada pessoa.
Alguns olhares se voltaram para mim assim que entrei. Talvez fosse minha pele, cujo tom parecia ainda mais sobrenatural sob aquela luz, ou o fato de que um jovem loiro de olhos azuis não era a figura mais comum naquela parte da cidade.
E logo meus olhos encontraram os dela.
Olhos castanhos, cabelos negros, pele cor de canela, lábios cheios de luxúria. Um assassino reconhece o olhar de uma assassina. Seus olhos me revelaram que ela escolhia rapazes na pista de dança, e se livrava deles depois de conseguir o que queria. Como um jogo. Bem, dois podem jogar esse jogo.
Caminhei até ela, em linha reta, sem desviar o olhar. Atravessei a pista de dança tendo o cuidado de não esbarrar em nenhum dos casais que dançavam e se divertiam.
Sem dizer nada, estendi minha mão. Ela aceitou meu convite, e fomos para a pista.
Segurei em sua cintura, pressionando com cuidado seu corpo contra o meu. Um movimento em falso, e eu poderia estraçalhar seus ossos delicados.
Senti seu perfume conforme íamos rodopiando pela pista, e como era inebriante. Senti-me novamente caçando nas ruas de New Orleans, há mais de duzentos anos.
Deslizamos pela pista, roubando a atenção de todos. Tentava passos complicados, e ela acompanhava sem problema algum.
Um rodopio, depois uma volta e ela enroscou a perna na minha. Ela pensava que estava caçando. Mas hoje não seria o dia dela.
- Sou Susie – ela disse ao meu ouvido, sem mudar de posição. Eu podia sentir o frio metal da faca escondida em sua meia, de encontro à minha perna.
- Lestat – respondi. Não pude deixar de sorrir. Era minha vez de mostrar quem estava caçando.
Com um movimento rápido, puxei a faca de seu esconderijo, e ela estremeceu. Uma assassina reconhece o olhar de um assassino.
- Vai me matar? – sussurrou, quase desafiadora.
- Ah, não, mon cher. Não hoje. – beijei seus lábios e ela cedeu, me abraçando e unindo mais o seu corpo ao meu.
Quando desci os lábios para o seu pescoço, eu percebi.
Eu estava sendo observado. E o observador não fazia a mínima questão de se esconder.
Ergui os olhos e sorri para os olhos verdes que me encaravam do outro lado da pista. Voltei a baixar os lábios, ciente de que ele acompanhava cada movimento, e sorvi um pequeno gole daquele sangue quente e inebriante. Com os lábios sujos de sangue, voltei a encará-lo.
- Louis. Venha dançar - e estendi minha mão.
Ele aceitou meu convite e veio até mim. Eu o puxei para junto de nós, beijando seus lábios com os meus sujos de sangue, o corpo quente de Susie entre nós dois.
Os braços dela envolveram o meu pescoço, deixando minhas mãos livres para abraçar Louis, e nós dois bebemos pequenos goles dela. Senti Louis se aproximar mais de mim, tomando cuidado para não machucar Susie. Talvez ele não se importasse se soubesse quantos ela havia matado. Mas não estragaria sua noite, eu sentia sua falta, e sabia que ele sentia a minha.
E assim dançamos os três, sem nos importar com qualquer outra pessoa no mundo.
E a pista de dança ficou manchada de sangue naquela noite.
Blood on the Dance Floor
segunda-feira, 20 de julho de 2015
Postado por Nicolas de Lenfent às 18:08 0 comentários
Doces Acordes do Silêncio
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Sobre: Finalmente saí do meu bloqueio e escrevi mais uma fic das crônicas. Devo a inspiração à gincana do fórum Paperback Writers <3
Fizemos uma lista com 10 personagens, e havia uma lista com combinações aleaórias entre dois números e um tema central, e essa fic nasceu do tema Silêncio com Nicolas e Armand.
Doces Acordes do Silêncio
A música de Nicolas me ensurdecia.
Entrava no meu cérebro. Nas minhas entranhas, vibrava nas cordas do meu coração. E me irritava. Não queria ouvi-lo. Ele me fazia lembrar de Lestat, e Lestat não estava ali. E eu não o queria ali, muito menos sua música. Notas disformes que faziam minha cabeça girar, acordes que seriam impossíveis de serem ouvidos por seres humanos.
Mas eu ouvia, eu ouvia tudo. E eu via o movimento que suas mãos faziam, também invisível aos olhos dos humanos, tão veloz que as cordas do violino parecia que iam se romper.
Desejei que se rompessem. Que ele parasse com sua música infernal. Ele nada mais fazia a não ser tocar e tocar por horas a fio, até que o cansaço o consumisse pouco antes do sol nascer.
Não havia outro jeito, eu precisava fazer aquilo.
Entrei em seus aposentos. Ele levantou os olhos para mim, sem parar de tocar. Não parecia que me enxergava realmente. Seus pensamentos estavam vazios, exceto pela música. Apenas a música inundava seus pensamentos, o quarto, e a minha mente.
Voei para seu pescoço, pressionando-o contra a parede. Minhas presas se enterraram em sua garganta. Esperei que a música parasse, mas ela não parava! Continuava tocando em sua mente, e seus pensamentos agora eram meus.
O sangue subiu para meus lábios e inundou minha boca, espesso, denso, cheio de música - e do seu criador, Lestat. Criador que o havia abandonado, e agora eu faria o que bem entendesse.
Afastei-me e derrubei o violino e o arco no chão. Ele não ofereceu resistência. Segurei um pulso seu em cada mão, e o olhei nos olhos.
Vazio. Total escuridão. A ferida aberta em seu pescoço sangrava.
E a música continuava a tocar em seus pensamentos.
Senti meu rosto se retorcer em fúria enquanto apertava seus pulsos cada vez mais e sentia seus ossos quebrarem sob meus dedos. Joguei-o no chão com força e tirei a faca da bainha, arrancando suas duas mãos com um golpe só.
Ah. Finalmente. Silêncio.
Respirei fundo, ainda sentindo o gosto de seu sangue, enquanto a música dele ia embora de dentro de mim. E pude apreciar os doces acordes do silêncio, enquanto o sangue de Nicolas escorria de seus pulsos mutilados e de seus olhos, em forma de lágrimas. Inundando o quarto, manchando o violino.
Paz.
O violinista do diabo, derrotado por um querubim.
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Les Coulisses de Paris
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Postado por Nicolas de Lenfent às 15:58 0 comentários
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Carmesim
terça-feira, 29 de abril de 2014
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Como Tocar Violino
sábado, 26 de abril de 2014
Postado por Nicolas de Lenfent às 11:20 0 comentários
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Morte Piedosa
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Postado por Nicolas de Lenfent às 16:54 0 comentários
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Malia
domingo, 6 de outubro de 2013
Sobre: Minha primeira fanfic das Crônicas, estreando Armand e Marius. Foi escrita em 2011, quando eu ainda não tinha lido O Vampiro Armand.
Ma che c’à ne’l tuo sguardo fatale?
Cosa ci hai ne’l tuo magico dir?
Se mi guardi una ebrezza m’assale
Se mi parli, mi sento morrir! ¹
- Amadeo...
O sussurro chegou em seus ouvidos antes que ele acordasse. E mesmo depois que despertou, demorou para abrir os olhos, como se estivesse adiando aquele momento... como se estivesse com medo de ser mesmo apenas um sonho.
Sentiu o toque da mão dele em seu rosto. Parecia feita de porcelana. Não, ele não poderia mais resistir. Abriu os olhos e viu-o ali, entre as cortinas vermelhas de sua cama de dossel, a figura pálida e alta de cabelos loiros que há tempos tornara-se para ele a personificação do amor. Estava ali, debruçado sobre ele, como se assim estivesse havia horas. Acariciava o rosto de Armand e os cachos acobreados que caíam ao redor de seu rosto de querubim.
- Mestre?
- Buonasera, caro mio ² – ele ouviu Marius sussurrar.
O jovem de cabelos ruivos imediatamente sentiu o rosto esquentar de alegria e sorriu, abraçando-o. Esperava o dia todo apenas para vê-lo. Toda sua vida resumia-se a estar na presença dele. Desde que o havia tirado daquele lugar horrível, onde ele estava sempre sujo, onde os homens lhe davam um preço e judiavam de seu corpo.
Ele o salvara de lá. Ele o deixara livre. “Agora vá e tenha todos os prazeres que esperam por você, tenha o amor de uma mulher e tenha o amor de um homem nas noites que virão. Esqueça a amargura que conheceu naquele bordel e experimente essas coisas enquanto ainda houver tempo”. ³
Mas agora que estava livre, não queria estar longe do Mestre. Nenhum homem ou mulher comparava-se a ele, ao êxtase que era estar junto dele. A fria pele do Mestre tornava-se magicamente quente quando ele voltava da cidade. O toque macio, quase com medo de quebrá-lo – não se lembrava de ter conhecido tamanho carinho antes. A pele lisa e sem nenhuma falha, exceto por rugas mínimas que se formavam em volta dos olhos, especialmente quando ele sorria. O sorriso, os dentes brancos, a voz de veludo, o olhar que o fazia não querer desviar os olhos. E tudo isso dirigido a ele... Seu coração batia rápido, seu rosto corava, sua mente começava a girar.
E havia o beijo... sim, o beijo. Era como fogo líquido.
Ele estava apaixonado. Se isso não fosse amor, não sabia o que mais poderia ser.
Marius inclinou o rosto e beijou os lábios macios de Armand. Era um leve roçar de lábios, mas foi o suficiente para fazer o jovem deixar-se levar. Voltou a deitar-se e inclinou a cabeça instintivamente, deixando o pescoço alvo exposto aos beijos de seu mestre. Não demorou a sentir os lábios de Marius ali, causando-lhe intensos arrepios.
- Ah... Mestre... – Armand murmurou, entre suspiros. - É tão...
Não terminou sua frase. Não achou a palavra. Era como se fosse um feitiço que o fazia esquecer-se de tudo à sua volta... Um encanto, um...
- Talvez o encanto venha de você, meu anjo – Marius sussurrou com os lábios ainda colados ao pescoço dele.
Armand meramente reabriu os olhos. Não era preciso falar para o Mestre perceber o que havia em sua mente.
Logo sentiu a pontada no pescoço. Não havia dor. Havia apenas êxtase.
Ah sim, isso era... amor.
Revirou os olhos, entreabrindo os lábios e deixando escapar um gemido que ele mesmo mal ouviu. Seu corpo todo amoleceu, ele sentiu-se engolfado por uma onda arrebatadora, que o estava levando para longe... Longe...
“Volte, Amadeo...”
Os lábios de seu Mestre não estavam mais em seu pescoço. Ele ainda estava deitado, e olhava para Marius de pé, sorrindo, uma gota de seu sangue ainda presa aos seus lábios.
- Mestre... – murmurou, estendendo a mão trêmula. – Por favor... leve-me com você...
- Ainda não, meu pequeno... – Armand ouviu-o falar, embora não parecesse que seus lábios se moviam. – Em breve... Muito em breve.
As cortinas em torno de sua cama se fecharam, e ele adormeceu.
FIM
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¹ Mas o que tem no seu olhar fatal?
O que há na sua voz sedutora?
Se me olha, uma loucura me domina
Se fala comigo, me sinto morrer!
² Boa noite, meu querido.
³ O Vampiro Lestat - página 252
Postado por Nicolas de Lenfent às 14:07 0 comentários
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